terça-feira, 19 de novembro de 2019

Google faz doodle em homenagem aos 200 anos do Museu do Prado

Hoje (19), a página inicial do Google surpreendeu quem gosta de artes. O Doodle, que é a estilização do logotipo do buscador, traz uma homenagem ao aniversário de 200 anos do Museu do Prado, o maior da Espanha e um dos mais importantes do mundo. A instituição cultural, abriu as portas em Madrid em 1819.
A criatividade encontrada pelo Google para homenagear a instituição é bem interessante: o doodle se transformou em uma espécie de parede de museu, onde é possível ver sete obras. Os trabalhos que estão nas laterais trazem as letras que formam o nome da empresa de tecnologia e fazem referência a trabalhos que pertencem ao acervo do museu. É possível identificar ali O Cavaleiro Com a Mão No Peito (1584), de El Greco (1541-1614), e Carlos V na Batalha de Mülberg (1548), de Ticiano (1490-1576). No centro, há uma tela que traz o prédio da instituição espanhola, que foi projetado por Juan de Villanueva (1739-1811), grande nome da arquitetura neoclássica do país.
O Museu do Prado é parada obrigatória para quem visita Madri. Localizado no Circuito del Arte, próximo do Museo Reina Sofía e outros museus, o prédio ocupa quase uma quadra inteira de uma das principais avenidas da capital espanhola, a Paseo del Prado. Dada a extensão do local, a organização oferece planos de visita que vão de uma a três horas de passeio, a depender do que o visitante deseja ver.
O destaque é a coleção de Francisco Goya, um dos principais artistas europeus da Idade Contemporânea e que era vivo na época da inauguração do Museu. Desde novembro de 2018, quando foram iniciadas as comemorações do bicentenário, visitantes puderam explorar 133 pinturas e 500 desenhos, entre outros documentos sobre o pintor. Entre elas estão o acervo do próprio Prado, assim como obras emprestadas pelo Palácio Real.

5 enigmas de 'As Meninas', de Velázquez o mais icônico quadro do Museu do Prado
"Tem todos os ingredientes para que especulemos sobre ele por séculos e séculos."
Essas são palavras usadas por Javier Portús Pérez, um especialista em arte que aparece no documentário espanhol” El Cuadro, Historias de Las Meninas”, de Andrés Sanz. Com ares de thriller, o filme reúne especialistas que tentam decifrar os mistérios guardados no quadro As Meninas, de Diego Rodríguez de Silva y Velázquez (1599-1660).
Mais de 360 anos após ser pintado, o quadro ainda desperta divergência sobre o que o artista de Sevilha quis representar ao executar a obra.
Para quem Velázquez está olhando? O que ele está pintando na tela à esquerda do quadro? O que fazem os demais personagens?

1. A sala e o posicionamento do espectador
Infanta Margarita é um dos poucos elementos de luminosidade de toda a composição
O quadro As Meninas está ambientado no estúdio de Velázquez, na Real Alcázar de Madri, uma fortaleza convertida em palácio real onde vivia o rei Felipe IV (1621-1665) com sua família. A sala está repleta de personagens que não estão lá por acaso.
A diferença desse quadro para os retratos tradicionais da realeza é que o quadro As Meninas se compara com uma cena de um filme, pela ação e o movimento que contém. Além disso, a incomum presença do próprio pintor no quadro, ao fundo, olhando na direção do espectador, aumenta ainda mais o enigma em torno dele.
O que não se sabe com certeza é o que o pintor quis expressar com essa técnica original.
2. Os personagens e a interação entre eles
As Meninas nem sempre teve esse nome. Velázquez deu ao quadro o nome de A Família de Felipe IV. O nome atual da obra surgiu em 1843, quando os especialistas de arte da época chegaram ao consenso de que a pintura ia muito além de um simples retrato da família real.
E o quadro As Meninas tem um elenco de personagens que incluem uma princesa, uma freira, uma anã, um bobo da corte e o próprio Velázquez.
No centro da cena está a infanta (princesa) Margarita Maria Teresa de Áustria. A princesa era quarta filha de Felipe IV, mas a primeira que ele teve com sua segunda esposa, Mariana de Áustria. No quadro, ela parece ter cinco ou seis anos de idade. Ao lado dela estão as mulheres que acompanhavam e assistiam à jovem princesa em sua rotina diária.
Atrás delas há uma monja, que parece estar discutindo com um guarda não identificado. No centro da parede ao fundo há uma porta aberta pela qual dá para ver um homem numa escada encarando o espectador. É José Nieto Velázquez, camareiro da rainha que também estava encarregado da oficina de tapeçaria.
Por fim, no talvez mais importante elemento de toda a composição, há um espelho à esquerda da porta, no qual vemos o reflexo de um casal: o rei Felipe IV e a rainha Mariana. Alguns dos especialistas da obra afirmam que os reis estão em pé (refletidos no espelho) no mesmo lugar em que os espectadores estão, enquanto Velázquez pinta seu retrato.
Não sabemos o que está acontecendo ou o que reúne essa variedade de personagens no mesmo lugar. Não sabemos se Velázquez está fazendo um retrato da infanta ou dos reis que são refletidos. Nem sabemos se há algo pintado em sua tela.
3. O reflexo no espelho
Rei Felipe IV e rainha Mariana de Áustria refletidos no espelho ao fundo
As teorias em torno do espelho e de seu reflexo fazem com que este seja um dos principais mistérios que persistem ao longo do tempo.
Os especialistas não têm certeza se ele reflete mesmo o casal real ou se seria um outro casal pintado na tela em que Velázquez trabalha.
Devido à maneira com que o artista brincou com a perspectiva da imagem, argumentos razoáveis ​​podem ser feitos para justificar as duas possibilidades.
4. A cruz de Santiago e a controvérsia das datas
Cruz de Santiago alimenta discussões sobre a real data de produção da obra
Na pintura, Velázquez veste um elegante terno preto com uma cruz vermelha de Santiago no peito.
Este símbolo é indicativo do título de Cavaleiro, que o rei Felipe IV concedeu a Velázquez somente em 1659.
Como é possível, então, que a cruz figure ali três anos antes de ele ser incluído na Ordem de Santiago?
Alguns acadêmicos insinuam que a cruz vermelha foi adicionada à tabela mais tarde por instruções do rei.
Outros especialistas que examinaram a pintura garantem não haver duas camadas diferentes de tinta. Portanto, a cruz fazia parte da imagem original — levando a novas teorias.
Embora a maioria dos acadêmicos continue datando a pintura em 1656, outra corrente de historiadores coloca a criação da obra alguns anos depois, em 1659.
Outra possibilidade, que surge em estudos mais recentes, é que toda a cena é um produto da imaginação e fantasia do pintor, de modo que o fato de aparecer com a cruz de Santiago poderia muito bem ser a expressão de um desejo.
5. O papel de Velázquez
“As Meninas”  ficou guardado no Palácio Real até 1819, data em que foi transferido ao Museu do Prado.
Alguns poucos privilegiados que o viram antes da transferência comentaram a novidade na qual um pintor se retratava ao lado da realeza.
"A imagem parece mais um retrato de Velázquez do que da imperatriz", disse o escritor português Felix da Costa ao ver As Meninas em 1696.
Se você olhar de perto, ele parece ser o grande protagonista da peça. Seu papel preponderante na imagem é inquestionável.
Para alguns estudiosos, isso mostra uma antiga reivindicação dos artistas do século 16, que queriam que seu ofício fosse mais valorizado. Até então, eram vistos como meros artesãos, considerados inferiores a escritores ou músicos.
Velázquez queria permanecer na história com esta obra-prima. E, vendo as teorias e debates que gera, não há dúvida de que conseguiu.
fonte: BBC News Mundo
GETTY IMAGES

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