Estamos a dias de conhecer o próximo presidente do Brasil e, seja qual for o resultado das eleições, veremos novamente um movimento de pessoas querendo se mudar do país. Esse dado se comprovou já depois do primeiro turno, com uma alta na procura por consultoria legal para solicitação de vistos identificada pela Dell’Ome Law Firm, escritório fundado pela advogada brasileira Liz Dell’Ome, com sede em Nova York e especializado em imigração de brasileiros para os EUA.
No entanto, embora esses
resultados aumentem o interesse em sair do país tanto entre lulistas quanto em
bolsonaristas, a mudança não é tão simples assim. “Existem três caminhos
básicos para quem deseja um visto que garanta o Green Card para si e para a
família: 1. profissionais com carreiras consolidadas e ótima formação acadêmica
e; 2. profissional brasileiro que deseja empreender nos EUA e tenha um
robusto business plan; 3. investidores qualificados”, explica Liz
Dell'Ome.
Normalmente, o perfil médio de
quem procura essa mudança é de famílias de classe média, motivadas por
segurança e educação para os filhos. Em geral é um público a partir de 35 anos,
com 2 filhos e, importante destacar, com carreira já desenvolvida no Brasil –
entre cinco a dez anos de experiência em sua área de atuação profissional. “O
inglês fluente não é uma exigência imigratória, mas ajuda já que o processo é
neste idioma”, afirma Liz.
No caso de quem busca Green Card baseado em emprego, chamado de visto EB -- os Estados Unidos devem emitir cerca de 200 mil vistos de trabalho no ano fiscal de 2023, que começa em outubro de 2022 e se encerra em setembro de 2023--, o solicitante precisa comprovar que contribuiu de forma significativa para sua área de atuação no Brasil. “Por exemplo, um administrador de empresas tem que mostrar os resultados financeiros positivos da sua gestão administrativa. Também é necessário provar para o oficial de imigração que a carreira tem continuidade tanto no Brasil quanto nos EUA, portanto ela é essencial para ambas as economias”, completa a advogada.
Barreira financeira e jeitinho brasileiro
Para quem deseja se mudar, planejamento financeiro é o primeiro passo. “Aí temos o calcanhar de Aquiles, já que pesquisas mostram que metade dos brasileiros não consegue se planejar para o futuro”, ressalta Liz Dell'Ome.
O processo de imigração tem um
investimento elevado, mesmo para famílias de classe média. O valor inicial é de
aproximadamente R$75 mil por família. Se imaginarmos uma família com 4 pessoas,
seriam necessários, de saída, R$100 mil, para cobrir além dos honorários as
taxas do governo americano e outros serviços como traduções de documentos e avaliações
de certificações acadêmicas. Pode-se até pensar em excluir desse preço a
contratação de um advogado especializado, mas a economia não é recomendada. Em
alguma fase do processo será necessário o auxílio legal para revisão de
documentos, e até algum recurso ou contextualização legal perante o
Departamento de Imigração dos EUA. O problema é que dificilmente um advogado de
imigração aceitará um caso já em andamento, por não ter o histórico daquele
processo, ou os detalhes e minúcias contidos no caso, o que, de acordo com Liz,
podem aumentar a chance de uma negativa imigratória.
Além desse valor, é preciso
também ter condições financeiras para se sustentar no país. E, acima de tudo, é
fundamental comprovar que a chegada dessa família ao país contribuirá com a
economia local, seja demonstrando uma qualificação profissional
excepcional, ou abrindo um negócio para gerar empregos.
“Para provar capacidade
financeira é preciso mostrar que o potencial profissional do imigrante foi o
que gerou tais recursos. Uma das formas de demonstrar isso é com a declaração
de Imposto de Renda, daí novamente temos uma barreira cultural importante. Em
muitos casos, os brasileiros fazem suas declarações como isentos para escaparem
de arrecadação pelo Fisco, o chamado ‘jeitinho brasileiro’. As autoridades
de imigração americanas são treinadas para identificarem qualquer suspeita de
fraude ou omissão em impostos, o que, não tão raro, torna o imigrante
inelegível para o visto americano de trabalho”, salienta a advogada brasileira
especializada em expatriação.
fotos: divulgação
fonte: Ela Comunica