O dia de hoje- Dia Mundial do Turismo - terá um significado importante para o Brasil,
quando sedia em novembro a 30ª edição Conferência da ONU sobre Mudanças
Climáticas (COP30) em Belém do Pará. Registrando recordes de turistas
internacionais e de visitantes em parques nacionais, o país terá a oportunidade
de pautar a preservação ambiental, a qualificação do setor, a valorização
cultural e o turismo de base comunitária como ferramentas de desenvolvimento
econômico.
O evento vai reunir líderes mundiais,
cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil em
plena Amazônia, no coração da maior floresta tropical do planeta e símbolo
tanto de esperança quanto da urgência climática. É nesse contexto que o turismo
será discutido, na agenda do primeiro dia do evento, como atividade com enorme
potencial para contribuir com sustentabilidade econômica, social e ambiental.
“A COP30 é a nossa chance de transformar definitivamente o setor, garantindo
que ele seja um pilar de crescimento econômico de forma sustentável. Não
podemos perder essa oportunidade”, afirmou no dia 18 de setembro o Ministro do
Turismo, Celso Sabino, em carta aberta que conclama a cooperação da ONU Turismo
para a ampliar a representatividade dos países-membros no evento.
A pasta federal vem realizando
ações nesse sentido, como o evento “Diálogos para COP30”, realizado no dia 19
de setembro em Santarém, no Pará, para discutir como programas federais
podem fortalecer destinos turísticos, preservar a cultura local e preparar o
Brasil para a conferência.
Turismo
como pauta estratégica
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Passeio Barco manguezais Fazenda São Jerônimo Ilha Marajó |
Apesar das ações, especialistas demonstram preocupação com o nível de
preparação do governo federal para o debate. No início do mês, durante a
palestra que abriu Abeta Summit 2025, o maior congresso de ecoturismo e turismo
de aventura do país, a pesquisadora do Laboratório de Estudos em Turismo e
Sustentabilidade e doutoranda no Centro de Desenvolvimento Sustentável da
Universidade de Brasília Jaqueline Gil levantou importantes questões sobre o
papel do país no atual momento.
“A influência e a experiência do Brasil poderão acelerar as tratativas
de integração das políticas de turismo às climáticas. Definir as diretrizes
para a adaptação do turismo às prescrições climáticas, às metas, aos
indicativos de governabilidade e, principalmente, o acesso a recursos financeiros,
científicos e tecnológicos, pode estar em jogo. Para isso, no entanto, é
necessário uma estratégia e um plano de ação liderados pelo governo, em
parceria com a ONU e com apoio das lideranças da sociedade civil e da academia,
do Brasil e dos principais negociadores climáticos e representantes setoriais”,
afirma Gil.
A
pesquisadora, que estará presente na COP30, participou do primeiro dia dedicado
ao Turismo na história do congresso mundial, realizado durante a COP29 em Baku,
no Azerbaijão, no ano passado. Ela foi convidada pela ONU Turismo.
Naquele evento, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, apresentou a
segunda Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, em inglês) do país, em que
a nação inclui a obrigatoriedade do turismo de construir planos de mitigação e
adaptação para cumprir as metas de redução de emissões de gases de efeito
estufa. O Brasil indicou que reduzirá entre 59% e 67% suas emissões até 2035 -
e o setor entra nesta conta.
E na véspera da data o ministro do Turismo, Celso Sabino, formalizou sua carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após o seu partido União Brasil exigir que filiados ao partido deixassem os cargos ocupados no governo.
Sabino, que é deputado federal pelo União Brasil (PA), estava há mais de dois anos no cargo de ministro do Turismo. Há semanas, Sabino mantinha conversas com dirigentes e aliados para tentar uma solução e evitar a saída da pasta.
Celso Sabino permanecerá no cargo até a próxima quinta (2) — diferentemente de como queria, a pedido do Presidente Lula para acompanha-lo em um evento de entregas de obras da Conferencia em Belém.
Sustentabilidade
Segundo o Conselho Mundial de Viagens
e Turismo (WTTC), a previsão é que a área movimente US$167,6 bilhões no Brasil
em 2025, o equivalente a 7,7% do PIB nacional, sustentando 8,2 milhões de
empregos. Segundo a estimativa, esse número pode chegar a US$199 bilhões no
final da década.
“As pesquisas indicam que há uma demanda crescente de viajantes por praticas sustentáveis, e a busca por experiências que
respeitem as culturas locais e contribuam para o bem-estar das populações
anfitriãs”, explica o diretor-executivo da Abeta - Associação Brasileira das
Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura, Luiz Del Vigna. “O momento é
chave para planejarmos o turismo brasileiro como referência de impacto
positivo, e utilizar a nossa biodiversidade e sua preservação como ativo
estratégico para o futuro”.
Ele cita o fortalecimento do
turismo comunitário na Amazônia como exemplo. Na Ilha de Marajó, a Fazenda São
Jerônimo, associada da Abeta, é um empreendimento familiar que trabalha desde o
final dos anos 80 com resgate cultural, agroecologia e recuperação ambiental, e
promove experiências únicas de ecoturismo no coração da Amazônia
paraense.
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Passeio de Bufalo na Fazenda São Gerônimo |
Engajada
à ideia de ciência cidadã e de ‘conhecer para conservar’, oferece os famosos
passeios de búfalo, observação de pássaros e animais, passeios pelo mangue e a
valorização do modo de vida marajoara, com a venda de produtos gastronômicos e
de artesanato que promovem a valorização, conservação e geração de renda para a
população local. A Fazenda é finalista do Prêmio Braztoa de
Sustentabilidade 2025, que reconhece iniciativas que fazem do turismo
um agente de transformação.
Outro case de sucesso de um associado Abeta na aplicação de práticas
sustentáveis é o Parque Ecológico Rio Formoso, em Bonito, Mato Grosso do Sul,
que em fevereiro tornou-se o primeiro atrativo turístico do Brasil com o
certificado Lixo Zero. Com a ajuda de uma consultoria, treinamento da equipe e
implantação da infraestrutura adequada, o empreendimento destina mais de 90%
dos resíduos gerados para reutilização, reciclagem ou compostagem, evitando
aterros sanitários e incineração.
“A gestão de resíduos deixou de ser um desafio para nós e se tornou uma
ferramenta de educação, inclusão e transformação. Essa conquista passou a
inspirar outros destinos turísticos pelo Brasil e hoje participamos ativamente
de congressos, eventos e seminários sobre turismo sustentável e economia
circular”, explica Bruno Leite Miranda, proprietário do Parque.
Del Vigna
enxerga a COP30 como uma chance única de mostrar ao mundo que a conservação e o
turismo podem caminhar juntos como motores de transformação. “Precisamos
ir além da atração de turistas e garantir que cada experiência seja segura,
gere impacto positivo, preserve culturas, fortaleça comunidades e deixe um
legado real”.
ABAV Nacional celebra
o Dia com um convite para redescobrir o Brasil
O setor é um dos motores da
economia brasileira e agentes de viagem estão no centro dessa engrenagem,
garantindo orientação, assistência e experiências únicas aos viajantes.
Para a entidade as tendências
atuais do setor apontam para novas formas de viajar, como o turismo de
experiência, que valoriza a imersão cultural, o turismo sustentável, que
preserva os destinos e gera benefícios para as comunidades locais, e o turismo
acessível, que amplia as possibilidades para pessoas com diferentes condições
de mobilidade e necessidades especiais. Outro ponto de destaque é a busca por
segurança e confiança na hora de planejar e realizar viagens. Nesse contexto, o
agente de viagens tem papel essencial, oferecendo orientação sobre os melhores
destinos e épocas do ano, além de suporte em caso de imprevistos, garantindo uma
experiência única ao viajante.
A presidente da ABAV Nacional,
Ana Carolina Medeiros, ressalta: “O turismo é uma das atividades mais
estratégicas da economia brasileira, capaz de gerar oportunidades para todos os
públicos e bolsos. E, nesse cenário, o agente de viagens é um parceiro
insubstituível, porque garante que o turista seja bem orientado, protegido e
assistido, além de contribuir para que o setor cresça de forma estruturada e
sustentável.”
A entidade reforça que o
Brasil tem vocação natural para o turismo, reunindo destinos de belezas
incomparáveis e diversidade cultural única. A entidade destaca ainda que, com a
parceria estratégica dos agentes de viagens, é possível construir um setor mais
inovador, sustentável e acessível, capaz de proporcionar memórias inesquecíveis
para milhões de viajantes