segunda-feira, 10 de junho de 2024

Estimativa é que Aeroporto Salgado Filho de Porto Alegre volte a abrir somente em dezembro

“Estudo da ForwardKeys, empresa de inteligência de viagens revela os impactos dessa previsão”

O Rio Grande do Sul ainda está contabilizando os prejuízos de sua maior tragédia climática. E um dos pontos mais graves para a recuperação do Turismo é a situação do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, o décimo mais movimentado do país, que segue desde o dia 3 de maio fechado, ainda sem estimativa para a retomada das atividades. As inundações interromperam pousos e decolagens no principal ponto de entrada e saída aérea do estado.

A previsão é de que o aeroporto seja reaberto em dezembro  

Estudo da ForwardKeys, empresa de inteligência de viagens, mostra que para o período de 3 de maio a 30 de novembro de 2024 (se realmente o aeroporto abrir em dezembro), estavam programados 18,5 mil voos, com uma capacidade de quase 3 milhões de assentos. Atualmente, os aeroportos do Rio Grande do Sul, Florianópolis e Jaguaruna juntos conseguem absorver apenas 14% da capacidade semanal do terminal.

Segundo dados de capacidade de assentos programados, segundo o estudo da ForwardKeys, entre janeiro e abril deste ano, o Rio Grande do Sul teve conexões com sete países (Brasil, Argentina, Portugal, Panamá, Chile, Uruguai e Peru), operando 657 voos semanais por sete companhias aéreas e teve mais de 1,7 milhão de assentos programados. Para efeito de comparação, com base em junho deste ano, estão previstos cerca de 120 voos semanais, uma redução de mais de 600 voos em comparação com 2023.

Já o número de assentos previstos para junho caiu de 444 mil em 2023 para pouco mais de 70 mil, queda de 84% em relação ao mesmo período do ano anterior. Operadas por quatro companhias aéreas e são exclusivamente domésticas. Além do mais, o fechamento do aeroporto impactou as rotas de voo, levando muitas companhias aéreas a realocarem estrategicamente parte de sua capacidade de assentos para diversos aeroportos regionais da região sul.

73 mil assentos foram realocados para aliviar a perda de cerca de 500 mil de assentos

Segundo dados de viagens aéreas da ForwardKeys, aproximadamente 73 mil assentos foram realocados para aliviar a perda de cerca de 500 mil de assentos, representando cerca de 14% da capacidade perdida. 

No entanto o estudo mostra que apesar de toda essa situação desafiadora, houve uma tendência perceptível na forma como os viajantes estão lidando com suas reservas. Em vez de cancelarem suas viagens, a grande maioria está optando por remarcar seus bilhetes.

As empresas estão operando desde o dia 20 de maio 25,6 mil assentos chegando ao aeroporto de Canoas com previsão até 30 de junho.

Florianópolis ficou com o maior aumento no volume de assentos, com 33,7 mil novos assentos (+13%), seguido por Caxias do Sul, com quase 8 mil assentos adicionais (+32%), Passo Fundo, com 4 mil assentos novos adicionais (+24%), e Jaguaruna, com quase 2 mil assentos adicionais (+20%) – destacando sua crescente importância como rota alternativa.

Em relação a variação na procura por passagens aéreas para aeroportos alternativos, de acordo com a ForwardKeys, na semana iniciada em 6 de maio, as buscas por voos domésticos para Porto Alegre caíram 52%. No entanto, as buscas por voos para Caxias do Sul aumentaram 31% durante a mesma semana e continuaram subindo 20% na semana seguinte. Para Florianópolis, o aeroporto internacional mais próximo, houve um aumento de 2% na semana iniciada em 13 de maio e mais 3% na semana seguinte.

Em relação aos aeroportos menores, o interesse em viagens também aumentou. Por exemplo, para Jaguaruna, as buscas aumentaram 49% na semana iniciada em 6 de maio, em comparação com a semana anterior. Para Pelotas, houve um aumento de 39% e para Passo Fundo, um aumento de 26%.

O fechamento do aeroporto redesenhou  a dinâmica de viagens no Sul do Brasil

Segundo Olivier Ponti, diretor de Inteligência e Marketing da ForwardKeys, “o fechamento do aeroporto de Porto Alegre redesenhou significativamente a dinâmica de viagens no Sul do Brasil. Apesar dos óbvios transtornos iniciais, há sinais precoces de resiliência no setor de turismo do Rio Grande do Sul, com um aumento do interesse em alternativas regionais, ajustes estratégicos na capacidade de assentos pelas companhias aéreas e flexibilidade dos viajantes na gestão de suas reservas”.

Impactos no Turismo Nacional

O Aeroporto Salgado Filho é uma importante porta de entrada para estrangeiros no país. No período de 3 de maio a 30 de novembro de 2023, ele teve o quarto maior volume de conectividade aérea no Brasil, com uma média de 35 voos internacionais chegando por semana e 5 mil assentos disponíveis. O estudo da ForwardKeys salienta que isso representa mais de 2% de todos os viajantes estrangeiros que chegaram ao Brasil.

Os mercados emissores estrangeiros mais importantes para o Rio Grande do Sul (de 3 de maio a 30 de novembro de 2023) foram os Estados Unidos e o Uruguai, cada um representando 20% do total de turistas internacionais, seguidos pelo Chile, com uma participação de 11%, Argentina com 6% e Alemanha, com 4%. E o Rio Grande do Sul, além de ser um dos principais destinos do Brasil, também é um grande emissor de turismo doméstico. 

Os principais destinos dos gaúchos em 2023

De 3 de maio a 30 de novembro de 2023, os gaúchos fizeram mais de 828 mil viagens dentro do Brasil, representando 5% do volume nacional.

Os principais destinos foram São Paulo, com 48% das viagens, destacando a forte conexão comercial e cultural entre os dois estados; Rio de Janeiro, com 14%, refletindo o apelo turístico da costa carioca e suas atrações; Paraná, com 7%, destacando a proximidade geográfica e as relações econômicas; e Bahia, com 5%.

Durante o período que o Aeroporto Salgado Filho estiver fechado vai haver uma expressiva redução nas viagens procedentes do Rio Grande do Sul, impactando fortemente o turismo doméstico no país. Essa diminuição no movimento de passageiros afetará não apenas a conectividade e a economia local, mas também terá repercussões significativas nos destinos mais populares entre os gaúchos.



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