"A exposição fica no Shopping Total diariamente, até o dia 2 de dezembro e pode ser visitada das 10h às 22h."
Foi nas Missões (então
espanhola, depois portuguesa), que nasceu o atual Rio Grande do Sul, o gaúcho,
o chimarrão e o churrasco.
É este “colorido” que a Associação
Amigos das Missões e o Shopping Total em Porto Alegre querem
mostrar ao público porto-alegrense com a Exposição Fotográfica Missões
Jesuíticas. A abertura será amanhã (21) de novembro, às 11 horas.
Além do patrimônio da humanidade em São Miguel das
Missões, o visitante verá fotos de outras reduções jesuíticas, locais tombados
pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, como
também fotos da paisagem que compõe o cenário do povo missioneiro no seu
dia-a-dia, seus costumes e suas tradições. Foram
selecionadas para a exposição, fotos de Bruno Oliveira, Cláudio Reinke, Marconi
Flach, Maysa Frizzo, Paulo Gusmão e Ricardo Braescher, fotógrafos destacados,
premiados em concursos e exposições fotográficas no Brasil e Exterior.
A exposição fica no segundo pavimento do Shopping Total diariamente, até o dia
2 de dezembro e pode ser visitada das 10h às 22h.
A imagem em
destaque é de Paulo Gusmão, fotógrafo e diretor da Galápagos Tour e Chakana
Fotografia e Arte Latino Americana, que retrata através de resquícios, ruínas e
igrejas, um pouco da história dos Sete Povos das Missões.
Paulo Gusmão também
foi o idealizador da mostra fotográfica “A história da formação dos Sete Povos
das Missões e o reflexo na cultura e turismo”, realizada no mês de outubro, na
Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre e no Festuris Gramado, dias 7 e
8 de novembro, destacando fotos de pontos turísticos de São Luiz Gonzaga, como
o Complexo Turístico Jayme Caetano Braun, a Igreja Matriz, a antiga Estação
Ferroviária, a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, a ponte de ferro, entre outros.
A Exposição depois segue para vários municípios missioneiros
do Brasil. Argentina e Paraguai.
Região Missioneira - um lugar para conhecer
A Igreja de São Miguel Arcanjo é o único Patrimônio Cultural da
Humanidade existente no sul do país, título mundial recebido pela UNESCO em
1983.
Além de São Miguel das Missões, a região apresenta outros Sítios
Históricos (os 7 Povos das Missões) localizados em cidades prósperas e
acolhedoras. Ademais, outros municípios de colonização alemã, italiana e
polonesa proporcionam uma “integração cultural” com o descendente de guarani,
espanhol e português.
A Região das Missões está sempre no imaginário do povo gaúcho com um
“lugar para conhecer”.
Esta é uma oportunidade de matar a saudade para os que já conhecem o
destino (com um convite para que retornem) e uma proposta de sensibilizar a
visitarem esta região com mais de 400 anos de história.
A História das Missões e a
Origem do Rio Grande do Sul
O projeto Jesuítico-Guarani foi um “triunfo da humanidade”(Voltaire)
A região onde hoje se encontra o Estado do Rio Grande do Sul era habitada por dezenas de nações indígenas a milhares
de anos. Com a chegada de colonizadores portugueses e espanhóis na América,
todo este nosso território pertencia aos espanhóis, devido ao Tratado
de Tordesilhas, de 1494. Muitos dos índios foram
escravizados e obrigados a trabalhar em diversos cantos do país.
Desde 1609, Padres Jesuítas, missionários da Companhia
de Jesus deram início a um trabalho de evangelização dos índios da vasta
Província do Paraguai, boa parte de seu território estava em nosso estado.
Tiveram grande sucesso junto aos Guaranis, que habitavam
a região, principalmente os vales dos rios, onde a caça e a pesca eram mais
abundantes. Os guaranis coletavam diversos tipos de frutos e raízes e
cultivavam principalmente o milho e o aipim, mas também plantavam feijão,
abobora e batata. Suas moradias tinham uma estrutura de madeira coberta com
fibras vegetais, em geral de base circular. Essas habitações denominadas de
ocas eram habitadas por diversas famílias com grau de parentesco entre si.
O interesse do Império Espanhol era tomar posse
das terras da Bacia Platina, como objetivo a conversão e colonização dos
indígenas ao cristianismo. Por ordem da coroa é instalada a primeira Redução, a
de San Ignacio Guazu em 1609 onde hoje é o Paraguai.
Num primeiro período os jesuítas expandiram sua
evangelização para onde hoje é o estado do Paraná (Guairá), Mato Grosso do Sul
(Itatim), chegando à região do Tape (Rio Grande do Sul) em 1626. Aqui fundam 18 reduções naquela fase, sendo
a primeira São Nicolau dia 3 de maio (primeira querência do Rio Grande) fundado
pelo Padre Roque Gonzalez de Santa Cruz. Estas foram atacadas pelos
Bandeirantes em busca de escravos para suas lavouras. Em 1637 acontece o fim das reduções iniciais, momento em que migraram
para o outro lado do rio Uruguai. Calcula-se que os bandeirantes foram
responsáveis pelo desaparecimento de 600 mil índios guaranis – 300 mil sendo
levados como escravos e 300 mil mortos nos ataques.
Deixaram no território do Rio
Grande do Sul o gado que havia sido introduzido em 1634 pelo jesuíta Cristóvão
de Mendonza e que foi o início do “modo de ser” do povo gaúcho, pois foi a base
para os períodos das estâncias, tropeirismo, charqueadas e pecuária do
território até o início do século XX. Este gado
multiplicou-se e tornou-se um dos principais motivos para o retorno dos padres
jesuítas 40 anos depois.
Em 1641 os bandeirantes formaram um grande ataque
em busca de índios cristãos para levarem como escravos, porém jesuítas e
guaranis se organizaram e obtiveram a maior de todas as vitórias sobre as
forças paulistas que não mais atacaram as Missões.
Em 1680 os portugueses fundam a Colônia
de Sacramento em pleno território espanhol. Com este fato os jesuítas
espanhóis, em 1682 retornam ao lado esquerdo do rio Uruguai e começam os Sete
Povos das Missões; fundam a primeira redução jesuítica do Rio Grande do Sul: São
Francisco de Borja, atualmente a cidade de São Borja.
Os Sete Povos fazem parte da segunda fase
missioneira, onde se formam as reduções e que seriam os primeiros núcleos
urbanos do RS. O primeiro povoado da segunda fase foi São Francisco de Borja
(1682), seguido de São Nicolau (no mesmo local da primeira fase), São Miguel
Arcanjo e São Luiz Gonzaga, todas em 1687, São Lourenço Mártir (1690), São João
Batista (1697) e o último dos Sete, Santo Ângelo Custódio (1706).
O segundo período jesuítico foi muito
próspero. Grandes escritores do mundo falaram das Missões: Padre Lugon disse que
foi a mais original das sociedades já realizadas. Paul Lafargue, em
conjunto com Bernstein, Kautsky e Plekhanov explicam que o projeto constituiu
uma das experiências mais extraordinárias, que jamais tiveram outro
lugar. Charlevoix e Muratori reconheceram-na como um modelo sem
precedentes de sociedade cristã. A revista Lês Lettres Edificantes et
Curieuses, dirigida pelos jesuítas, comparava os guaranis aos primeiros
cristãos e descrevia suas comunidades como a realização ideal do cristianismo.
Voltaire afirmou que o projeto
Jesuítico-Guarani foi um “triunfo da humanidade”. O filósofo Rayal escreveu: “O
mundo novo que estamos procurando realizar não pode menosprezar a lição
fornecida”. Montesquieu chamou de ‘Primeiro estado industrial da América’.
O Abade Carbonel chamou de “coletivismo espontâneo”. Pablo Hernandez na Organización
Social de las Doctrinas Guaranies, escreveu que o maravilhoso surge a cada
passo.
Os principais artigos
exportados pelas reduções eram a erva-mate, o fumo, o algodão, o açúcar, os
tecidos de algodão, os bordados, as rendas, os objetos trabalhados em torno,
mesas, armários, e baús de madeiras preciosas, esculturas, peles, curtumes e
arreios de couro, rosários e escapulários, mel, frutas de todas as espécies,
cavalos, mulas e carneiros, assim como o excedente de diversas indústrias, como
a de instrumentos musicais. Todos eram vendidos à Europa e principais cidades
da América. Importavam produtos manufaturados e metais. Toda a produção era
orientada para a satisfação das necessidades do todo.
Na mesma época do “esplendor”
missioneiro, a colonização portuguesa se iniciava na região litorânea do Rio
Grande do Sul com a fundação da cidade de Rio Grande pelo Brigadeiro Silva Paes
em 1737. A cidade de Porto Alegre foi fundada em 1752.
Texto extraído dos sites – Portal
das Missões; Caminho das Missões e do livro “Pedido de Perdão ao Triunfo da
Humanidade” de José Roberto de Oliveira.
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