terça-feira, 20 de novembro de 2018

Exposição Fotográfica Missões Jesuíticas no Shopping Total em Porto Alegre


"A exposição fica no Shopping Total diariamente, até o dia 2 de dezembro e pode ser visitada das 10h às 22h."
Foi nas Missões (então espanhola, depois portuguesa), que nasceu o atual Rio Grande do Sul, o gaúcho, o chimarrão e o churrasco.
É este “colorido” que a Associação Amigos das Missões e o Shopping Total em Porto Alegre querem mostrar ao público porto-alegrense com a Exposição Fotográfica Missões Jesuíticas. A abertura será amanhã (21) de novembro, às 11 horas.
Além do patrimônio da humanidade em São Miguel das Missões, o visitante verá fotos de outras reduções jesuíticas, locais tombados pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, como também fotos da paisagem que compõe o cenário do povo missioneiro no seu dia-a-dia, seus costumes e suas tradições. Foram selecionadas para a exposição, fotos de Bruno Oliveira, Cláudio Reinke, Marconi Flach, Maysa Frizzo, Paulo Gusmão e Ricardo Braescher, fotógrafos destacados, premiados em concursos e exposições fotográficas no Brasil e Exterior.
A exposição fica no segundo pavimento do Shopping Total diariamente, até o dia 2 de dezembro e pode ser visitada das 10h às 22h.
A imagem em destaque é de Paulo Gusmão, fotógrafo e diretor da Galápagos Tour e Chakana Fotografia e Arte Latino Americana, que retrata através de resquícios, ruínas e igrejas, um pouco da história dos Sete Povos das Missões.
Paulo Gusmão também foi o idealizador da mostra fotográfica “A história da formação dos Sete Povos das Missões e o reflexo na cultura e turismo”, realizada no mês de outubro, na Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre e no Festuris Gramado, dias 7 e 8 de novembro, destacando fotos de pontos turísticos de São Luiz Gonzaga, como o Complexo Turístico Jayme Caetano Braun, a Igreja Matriz, a antiga Estação Ferroviária, a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, a ponte de ferro, entre outros.
A Exposição depois segue para vários municípios missioneiros do Brasil. Argentina e Paraguai.

Região Missioneira - um lugar para conhecer
A Igreja de São Miguel Arcanjo é o único Patrimônio Cultural da Humanidade existente no sul do país, título mundial recebido pela UNESCO em 1983.
Além de São Miguel das Missões, a região apresenta outros Sítios Históricos (os 7 Povos das Missões) localizados em cidades prósperas e acolhedoras.  Ademais, outros municípios de colonização alemã, italiana e polonesa proporcionam uma “integração cultural” com o descendente de guarani, espanhol e português.
A Região das Missões está sempre no imaginário do povo gaúcho com um “lugar para conhecer”.
Esta é uma oportunidade de matar a saudade para os que já conhecem o destino (com um convite para que retornem) e uma proposta de sensibilizar a visitarem esta região com mais de 400 anos de história.

A História das Missões e a Origem do Rio Grande do Sul
O projeto Jesuítico-Guarani foi um “triunfo da humanidade”(Voltaire)

A região onde hoje se encontra o Estado do Rio Grande do Sul era habitada por dezenas de nações indígenas a milhares de anos. Com a chegada de colonizadores portugueses e espanhóis na América, todo este nosso território pertencia aos espanhóis, devido ao Tratado de Tordesilhas, de 1494. Muitos dos índios foram escravizados e obrigados a trabalhar em diversos cantos do país.
Desde 1609, Padres Jesuítas, missionários da Companhia de Jesus deram início a um trabalho de evangelização dos índios da vasta Província do Paraguai, boa parte de seu território estava em nosso estado. Tiveram grande sucesso junto aos Guaranis, que habitavam a região, principalmente os vales dos rios, onde a caça e a pesca eram mais abundantes. Os guaranis coletavam diversos tipos de frutos e raízes e cultivavam principalmente o milho e o aipim, mas também plantavam feijão, abobora e batata. Suas moradias tinham uma estrutura de madeira coberta com fibras vegetais, em geral de base circular. Essas habitações denominadas de ocas eram habitadas por diversas famílias com grau de parentesco entre si.
O interesse do Império Espanhol era tomar posse das terras da Bacia Platina, como objetivo a conversão e colonização dos indígenas ao cristianismo. Por ordem da coroa é instalada a primeira Redução, a de San Ignacio Guazu em 1609 onde hoje é o Paraguai.

Num primeiro período os jesuítas expandiram sua evangelização para onde hoje é o estado do Paraná (Guairá), Mato Grosso do Sul (Itatim), chegando à região do Tape (Rio Grande do Sul) em 1626.   Aqui fundam 18 reduções naquela fase, sendo a primeira São Nicolau dia 3 de maio (primeira querência do Rio Grande) fundado pelo Padre Roque Gonzalez de Santa Cruz. Estas foram atacadas pelos Bandeirantes em busca de escravos para suas lavouras. Em 1637 acontece o fim das reduções iniciais, momento em que migraram para o outro lado do rio Uruguai. Calcula-se que os bandeirantes foram responsáveis pelo desaparecimento de 600 mil índios guaranis – 300 mil sendo levados como escravos e 300 mil mortos nos ataques.
Deixaram no território do Rio Grande do Sul o gado que havia sido introduzido em 1634 pelo jesuíta Cristóvão de Mendonza e que foi o início do “modo de ser” do povo gaúcho, pois foi a base para os períodos das estâncias, tropeirismo, charqueadas e pecuária do território até o início do século XX.   Este gado multiplicou-se e tornou-se um dos principais motivos para o retorno dos padres jesuítas 40 anos depois.
Em 1641 os bandeirantes formaram um grande ataque em busca de índios cristãos para levarem como escravos, porém jesuítas e guaranis se organizaram e obtiveram a maior de todas as vitórias sobre as forças paulistas que não mais atacaram as Missões.
Em 1680 os portugueses fundam a Colônia de Sacramento em pleno território espanhol. Com este fato os jesuítas espanhóis, em 1682 retornam ao lado esquerdo do rio Uruguai e começam os Sete Povos das Missões; fundam a primeira redução jesuítica do Rio Grande do Sul: São Francisco de Borja, atualmente a cidade de São Borja.
Os Sete Povos fazem parte da segunda fase missioneira, onde se formam as reduções e que seriam os primeiros núcleos urbanos do RS. O primeiro povoado da segunda fase foi São Francisco de Borja (1682), seguido de São Nicolau (no mesmo local da primeira fase), São Miguel Arcanjo e São Luiz Gonzaga, todas em 1687, São Lourenço Mártir (1690), São João Batista (1697) e o último dos Sete, Santo Ângelo Custódio (1706).   
O segundo período jesuítico foi muito próspero. Grandes escritores do mundo falaram das Missões: Padre Lugon disse que foi a mais original das sociedades já realizadas. Paul Lafargue, em conjunto com Bernstein, Kautsky e Plekhanov explicam que o projeto constituiu uma das experiências mais extraordinárias, que jamais tiveram outro lugar. Charlevoix e Muratori reconheceram-na como um modelo sem precedentes de sociedade cristã. A revista Lês Lettres Edificantes et Curieuses, dirigida pelos jesuítas, comparava os guaranis aos primeiros cristãos e descrevia suas comunidades como a realização ideal do cristianismo.
Voltaire afirmou que o projeto Jesuítico-Guarani foi um “triunfo da humanidade”. O filósofo Rayal escreveu: “O mundo novo que estamos procurando realizar não pode menosprezar a lição fornecida”. Montesquieu chamou de ‘Primeiro estado industrial da América’. O Abade Carbonel chamou de “coletivismo espontâneo”. Pablo Hernandez na Organización Social de las Doctrinas Guaranies, escreveu que o maravilhoso surge a cada passo.
Os principais artigos exportados pelas reduções eram a erva-mate, o fumo, o algodão, o açúcar, os tecidos de algodão, os bordados, as rendas, os objetos trabalhados em torno, mesas, armários, e baús de madeiras preciosas, esculturas, peles, curtumes e arreios de couro, rosários e escapulários, mel, frutas de todas as espécies, cavalos, mulas e carneiros, assim como o excedente de diversas indústrias, como a de instrumentos musicais. Todos eram vendidos à Europa e principais cidades da América. Importavam produtos manufaturados e metais. Toda a produção era orientada para a satisfação das necessidades do todo.
Na mesma época do “esplendor” missioneiro, a colonização portuguesa se iniciava na região litorânea do Rio Grande do Sul com a fundação da cidade de Rio Grande pelo Brigadeiro Silva Paes em 1737. A cidade de Porto Alegre foi fundada em 1752.
Texto extraído dos sites – Portal das Missões; Caminho das Missões e do livro “Pedido de Perdão ao Triunfo da Humanidade” de José Roberto de Oliveira. 

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